terça-feira, 27 de maio de 2008

I

que o amor é rosa e cacto
e espinho,
e eu sou prosa e pranto
e vinho.
do canto e do verso quero
a curva anunciada.
do manto e do inverso, peço
a lareira inapagada.
e feliz, não morto por um triz
quero luz para apalpar.
que o amor é onda e asa
e frio,
e o vento fez-me aterrar.

poema do livro

«actu sanguineu»

de ondjaki

segunda-feira, 26 de maio de 2008

II

noite de vulcão mais que acordado peço-te
deixa-me em paz;
e grão de areia sendo
sopra-me como se precisasses de
empunhar e empurrar
uma pedra não amigável.
e rompe o céu através de mim;
joga-me verticalmente contra as
tuas vísceras mais aladas,
faz-me brilhar na velocidade,
desaparecer no contacto químico
com o universo.
chama-me átomo e cospe-me.
preciso de não estar aqui.

poema do livro

«actu sanguineu»

de ondjaki

sábado, 24 de maio de 2008

eu e o TCC

com meu corpo dolorido
escrevo e leio
sobre as dores dos outros
mas sempre vêm à lembrança
as causas de eu estar
com meu corpo dolorido....

sexta-feira, 23 de maio de 2008

prorrogação

acabei ficando quarta e quinta feiras fechada também...

foto de uma "plantação" de ostras no Ribeirão da ilha em Floripa...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

AVISO

nesta terça-feira estarei fechada para balanço.
reabrirei na quarta....

marcas

na cintura
duas meias-luas
vermelhas
sorridentes
a denunciar
teus dentes

domingo, 18 de maio de 2008

duets

a pele ardida e
a barba que raspa
durante o beijo

sábado, 17 de maio de 2008

terça-feira, 13 de maio de 2008

13 de maio de 2008


hoje faz 120 anos que a Lei Áurea foi assinada.
hoje faz 120 anos que os negros são livres no Brasil.
hoje faz 120 anos que os negros foram descoisificados. no papel.
hoje faz 120 anos que a sociedade exclui os negros livres.
hoje faz 120 anos que o poder público faz "corpo mole" em relação a políticas públicas de erradicação da pobreza e discriminação racial.
hoje faz 120 anos!
e ainda pensamos como há 120 anos.
ainda achamos que negro só serve pra trabalho braçal e de menor potencial intelectual.
ainda pensamos que negro é ladrão, vagabundo.
quando vemos um loiro de olhos azuis preso por crimes horríveis ficamos chocados... tão bonito que ele era.. tinha tudo pra dar certo...
agora se era negro... ah!.. normal.. eles são tudo marginal mesmo...
hoje, comemoramos 120 anos de indiferença, de humilhação, de segregação, de pobreza.


na foto, Dona Teresa, que vive em Rosário do Sul/RS em uma comunidade de remanescentes quilombolas.

Topo

hoje é niver do Topo, vulgo Jean Richard..

na foto, Topo no FUCCA, cantando Bença..

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Bença

o som que vem da lagoa
deixa a rendeira cantando
cantando versos de esperança e amor
pra não deixar a vida passar em vão.


trecho da música Bença do Projeto Macumba.
http://www.myspace.com/projetomacumba

terça-feira, 6 de maio de 2008

reflexões

Este final de semana fomos acampar. Era o Encontro Regional de Batuqueiros, em Camboriú.

Organizado pelo Jaé, grupo de maracatu e pesquisas rítmicas de Itajaí, o encontro teve a participação de quase 50 pessoas de 5 grupos diferentes: Jaé (Itajaí), Grupo Capivara (Blumenau), Arrasta Ilha (Florianópolis), Maracaeté e Estrela do Sul (ambos de Curitiba).

Na abertura na sexta feira à noite, todos se apresentaram e falaram um pouco de seus grupos, a história de cada um, sua situação em sua cidade.

Uma coisa que me chamou muito a atenção, foi que em todas as cidades, os grupos de maracatu enfrentam dificuldades de achar espaço para ensaio. A justificativa é que o maracatu não faz parte da cultura das cidades representadas.

Blumenau é de colonização alemã, Floripa e Itajaí, portuguesa e Curitiba, principalmente polonesa e italiana, dentre outras várias, todas européias.

Então me perguntei: só europeus construíram nossas cidades?

não exitiam índios e negros escravos?

Na época da escravatura, quase 50% da população brasileira era de escravos e o resto eram pessoas livres.. e brancas.

Ora, se a metade da população não era européia e sim africana, então a metade da cultura dos lugares deveria ser também africana. E é. Só que não é falado, pois para o brasileiro o que vem de fora é melhor. Leia-se de fora como Europa, ou mais atualmente EUA, África não é de fora, África não conta. África não tem ciência.

No texto anterior, a pesquisadora Rosane Volpatto afirma que a cultura negra está em todas as manifestações culturais, religiosas e cotidianas brasileiras. Todo mundo sabe disso.

Por que então continuar com a discriminação contra a cultura africana?
Por que então continuar com a afirmação de que a cultura do local é germânica ou portuguesa ou italiana somente?

O que acredito que deveria ser aumentado é a auto estima, a auto valorização das pessoas que representam esta cultura, pois por mais que acreditemos na influência dela na cultura brasileira, nós mesmos justificamos e achamos certo manter a tradição européia como principal e até única.

Não podemos pensar assim. Não podemos deixar que só as culturas européias sejam consideradas como base de tudo de bom que acontece no Brasil e que a cultura africana seja considerada a base de tudo de ruim que o brasileiro tem.
Nossa alegria mesmo frente às desgraças do dia-a-dia, nosso jogo de cintura, nossa raça, graça, nosso suingue, é tudo de origem africana.

A padroeira do Brasil é negra!!!!

A cultura nordestina é cultura brasileira, assim como a cultura gaúcha também o é, a mineira, a carioca, a capixaba....
Difundir as culturas locais é mostrar ao mundo que o Brasil é o país mais miscigenado, e não só nas cores das pessoas, mas na cultura também, e isso é bom.

O Brasil é um grande caldeirão onde todas as culturas do mundo se juntaram. E todas devem ser respeitadas.

É por isso que eu luto, pela igualdade de oportunidades, pela igualdade de direitos entre os sexos, pela igualdade de direitos entre as cores. Pela igualdade de valorização das culturas. Mas sempre respeitando as diferenças.

Cláudia Eggert

texto originalmente postado no site do Grupo Capivara: http://grupocapivara.multiply.com

domingo, 4 de maio de 2008

tá friozinho...




um foguinho pra esquentar...


fogueirinha feita para esquentar o couro dos tambores de crioula e os do Boi do Maranhão no Encontro Regional de Batuqueiros, em Camboriú, primeira noite...